Lógica Proposicional - Introdução

Apresenta uma linguagem muito simples. O nível mais elementar é o símbolo de proposição - uma proposição pode ser representada por uma letra do alfabeto latino.

Associados à lógica proposicional está também um conjunto de símbolos lógicos, que nos permitem escrever um vasto leque de expressões proposicionais:

Símbolos Lógicos

  • Símbolos de pontuação: ( )

  • Símbolos lógicos:

    • ¬\neg, que corresponde à negação;
    • \wedge, que corresponde à conjunção;
    • \vee, que corresponde à disjunção inclusiva, vulgo OR;
    • \to, que corresponde à implicação.
  • Símbolos de proposição: PiP_{i}, i1i \geq 1.
    O conjunto de todas as proposições da lógica proposicional é dado por P\mathcal{P}.

Componentes de uma Lógica

  • Fórmula bem formada (fbf) - qualquer lógica tem uma linguagem, linguagem esta composta por um conjunto de frases válidas. A essas frases dá-se o nome de fórmulas bem formadas, ou fbfs. Em relação a estas, temos que: os símbolos de proposição são chamados fbfs atómicas, que se α\alpha é uma fbf então ¬α\neg\alpha é uma fbf e que qualquer combinação de fbfs atómicas utilizando os símbolos lógicos acima mencionados também é uma fbf.

Abaixo encontram-se vários exemplos de fórmulas bem formadas:

¬PPQ(PQ)R\neg P\\ P \wedge Q\\ (P \wedge Q) \to R

A linguagem da lógica proposicional, LLP\mathcal{L}_{LP}, é composta por todas as fbfs construídas a partir do conjunto dos símbolos lógicos acima referidos.

  • Argumento - par (Δ,α\Delta, \alpha), no qual Δ\Delta é um conjunto de frases da linguagem e α\alpha é uma frase da linguagem.

Sistema Dedutivo

Especifica as regras de inferência, regras que permitem a manipulação de fbfs e a introdução de novas fbfs a partir de fbfs existentes.

  • Deducão Natural:
    Nos sistemas abordados por dedução natural existem por norma duas regras de inferência por cada símbolo lógico - a regra de introdução, que diz como introduzir uma fbf que utiliza um dado símbolo lógico, e a regra de eliminação, que diz como usar uma fbf que contém o símbolo lógico.

    Aqui, não existem axiomas - fbfs que se aceitam como verdadeiras.

Prova

Sequência finita de linhas numeradas, cada uma das quais contendo uma premissa ou uma fbf que é adicionada à prova recorrendo a uma das regras de inferência e utilizando as fbfs das linhas anteriores. Em cada linha da prova existe uma justificação da introdução da mesma. Uma prova de α\alpha a partir de Δ\Delta é uma prova cuja última linha contém α\alpha e cujas restantes linhas contêm ou uma fbf em Δ\Delta ou uma fbf obtida a partir das linhas anteriores recorrendo a uma regra de inferência. Caso exista uma prova de α\alpha a partir de Δ\Delta, dizemos que α\alpha é derivável a partir de Δ\Delta, ou, de outra maneira, Δα\Delta \vdash \alpha.

Durante a realização da prova, utilizamos uma série de regras de inferência.

  • Regra da premissa:

    Podemos, no decorrer da prova (e em qualquer altura desta) introduzir fbfs correspondentes a premissas. Aparece identificada por Prem.

    REGRA DA PREMISSA

    A introdução de uma premissa tem sempre um aspeto deste género:

    nαPrem\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{llll} n & \alpha && Prem \\ \end{array}
    Exemplo - Regra da premissa

    Ao tentar provar que {P,Q}PQ\{P, Q\} \vdash P \wedge Q, começamos a prova a escrever as premissas, tal que:

    1PPrem2QPrem\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{llll} 1 & P && Prem \\ 2 & Q && Prem \\ \end{array}
  • Regra da repetição:

    Regra que afirma que qualquer fbf pode ser repetida dentro de uma prova - ou seja, se já existe uma fbf numa linha anterior, podemos reescrevê-la na linha atual, justificando com a regra da repetição. Identificada por Rep,nRep, n, onde nn representa a linha onde a fbf em questão foi inicialmente introduzida.

    REGRA DA REPETIÇÃO

    A regra da repetição tem sempre um aspeto deste género:

    nαmαRep,n\begin{array}{llll} n & \alpha \\ \vdots & \vdots \\ m & \alpha && Rep, n \end{array}
    Exemplo - Regra da repetição

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1PPrem2QPrem3PRep,1\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{llll} 1 & P && Prem \\ 2 & Q && Prem \\ 3 & P && Rep, 1 \end{array}
  • Regras associadas à conjunção:

    • Introdução da Conjunção: Diz-nos como introduzir (ou como construir) uma fbf cujo símbolo lógico principal é uma conjunção - uma conjunção de fbfs. Abreviada por I,(n,m)I\wedge, (n, m), onde nn e mm representam, respetivamente, as linhas onde as primeira e segunda fbfs foram introduzidas.

      É importante reter é que as fbfs têm de ter sido introduzidas por ordem, caso contrário não podemos aplicar diretamente a regra, tendo de usar a regra da repetição. Há professores que são particularmente rígidos com esta formalidade (apesar de não haver qualquer "impacto" na correção da prova), pelo que em contexto de avaliação será importante ter este aspeto em conta.

      INTRODUÇÃO DA CONJUNÇÃO

      A introdução da conjunção tem sempre um aspeto deste género:

      nαmβkαβI,(n,m)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\\ \vdots & \vdots\\ m & \beta\\ \vdots & \vdots\\ k & \alpha\wedge\beta & I\wedge, (n,m) \end{array}
      Exemplo - Introdução da Conjunção

      Em relação a um exemplo mais concreto:

      1PPrem2QPrem3PQI,(1,2)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & P && Prem\\ 2 & Q && Prem\\ 3 & P \wedge Q && I\wedge, (1,2) \end{array}

      Caso quiséssemos provar QPQ \wedge P, das duas uma: ou introduzíamos QQ e PP pela ordem contrária (primeiro QQ) na prova, ou aplicávamos a regra da repetição:

      1PPrem2QPrem3PRep,13QPI,(2,3)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & P && Prem\\ 2 & Q && Prem\\ 3 & P && Rep, 1\\ 3 & Q \wedge P && I\wedge, (2,3) \end{array}
    • Eliminação da Conjunção: Diz-nos que, de uma fbf cujo símbolo principal é uma conjunção, podemos derivar tanto a fbf da "esquerda" como a da "direita" - se temos uma conjunção com valor lógico verdadeiro, então todos os seus membros terão de o partilhar também. Abreviada por E,nE\wedge, n, onde nn representa a linha onde a fbf em causa foi introduzida.

      ELIMINAÇÃO DA CONJUNÇÃO

      A eliminação da conjunção tem sempre um aspeto deste género:

      nαβmαE,n\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\wedge\beta\\ \vdots & \vdots\\ m & \alpha && E\wedge, n \end{array}

      ou

      nαβmβE,n\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\wedge\beta\\ \vdots & \vdots\\ m & \beta && E\wedge, n \end{array}
      Exemplo - Eliminação da Conjunção

      Em relação a um exemplo mais concreto:

      1PQPrem2RPrem3PE,14RRep,25PRI,(3,4)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & P \wedge Q && Prem\\ 2 & R && Prem \\ 3 & P && E\wedge, 1\\ 4 & R && Rep, 2\\ 5 & P \wedge R && I\wedge, (3,4) \end{array}

      De notar que começamos agora a ver várias aplicações de regras durante a prova.

  • Regras para provas hipotéticas:

    Os sistemas de dedução natural usam o conceito de prova hipotética - uma prova iniciada com a introdução de uma hipótese. Essa prova hipotética consiste num "ambiente local", um contexto diferente em que, para além das outras fbfs da prova, consideramos a hipótese que iniciou a prova, iniciada pela regra da hipótese. A regra que afirma que em qualquer ponto de uma prova podemos introduzir qualquer fbf como uma hipótese, começando uma nova prova hipotética.

    É introduzida com Hip. Uma vez iniciada uma prova hipotética, todas as linhas adicionadas pertencem à mesma até que a prova seja terminada.

    REGRA DA HIPÓTESE

    A regra da hipótese tem sempre um aspeto deste género:

    nαHipn+1\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \bigg\vert\underline{\enspace \alpha \enspace} && Hip\\ n + 1 & \bigg\vert\cdots \end{array}
    Exemplo - Regra da Hipótese

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1PQPrem2PE,13RHip4RRep,3\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & P \wedge Q && Prem\\ 2 & P && E\wedge, 1\\ 3 & \bigg\vert\underline{\enspace R \enspace} && Hip\\ 4 & \bigg\vert\enspace R && Rep, 3 \end{array}
    • Regra da reiteração:

    Regra de inferência especial, específica às provas hipotéticas. Diz-nos que qualquer fbf introduzida num ponto da prova exterior à prova hipotética pode ser utilizado dentro da mesma. O contrário não se aplica. Abreviada por Rei,nRei, n, onde nn é a linha onde a fbf foi inicialmente introduzida.

    REGRA DA REITERAÇÃO

    A regra da reiteração tem sempre um aspeto deste género:

    nαmαRei,n\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\\ \vdots & \bigg\vert & \vdots\\ & \bigg\vert\\ m & \bigg\vert & \alpha && Rei, n \end{array}
    Exemplo - Regra da Reiteração

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1P¬PPrem2¬QHip3PHip4P¬PRei,1\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & P \to\lnot P & Prem\\ 2 & \bigg\vert\underline{\enspace \lnot Q \enspace} & Hip \\ 3 & \bigg\vert\enspace \bigg\vert\underline{\enspace P \enspace} & Hip \\ 4 & \bigg\vert\enspace \bigg\vert\enspace P \to\lnot P & Rei, 1 \end{array}

    Resta notar duas coisas:

    • que as provas iniciadas por hipóteses são, claro está, hipotéticas, e as exteriores chamadas categóricas;
    • que as fbfs de uma prova hipotética são chamadas contingentes e as restantes categóricas, partilhando portanto o nome com as provas respetivas.
  • Regras para a implicação:

    • Introdução da Implicação: Afirma que se numa prova iniciada por uma hipótese α\alpha formos capazes de derivar β\beta, então podemos terminar a prova hipotética, podendo derivar αβ\alpha\to\beta na prova que contém a prova hipotética. Abreviada por I,(n,m)I\to, (n, m), onde nn e mm são, respetivamente, a linha onde a hipótese foi introduzida e a fbf associada derivada.

      Voltando atrás e pensando no que é uma implicação, temos que, com premissas verdadeiras e conclusão verdadeira, a implicação é válida. Ora, se a partir de aa é possível provar bb, então a implicação aba\to b é válida!

    INTRODUÇÃO DA IMPLICAÇÃO

    A introdução da implicação tem sempre um aspeto deste género:

    nαHipmβm+1αβI,(n,m)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \bigg\vert\underline{\enspace \alpha \enspace} && Hip\\ \vdots & \bigg\vert\enspace\vdots\\ m & \bigg\vert\enspace\beta\\ m + 1 & \alpha\to\beta && I\to, (n, m) \end{array}
    Exemplo - Introdução da implicação

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1RPrem2PHip3RRei,14PRI,(2,3)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & R && Prem\\ 2 & \bigg\vert\underline{\enspace P \enspace} && Hip\\ 3 & \bigg\vert\enspace R && Rei, 1\\ 4 & P \to R && I\to, (2,3) \end{array}
    • Eliminação da Implicação: Regra que nos diz que de uma prova que contém tanto uma fbf α\alpha como uma outra αβ\alpha\to\beta podemos derivar β\beta. Abreviada por E,(n,m)E\to, (n, m), onde nn e mm são, respetivamente, as linhas onde α\alpha e αβ\alpha\to\beta foram introduzidas.

      Esta regra poderá fazer mais sentido se pensarmos mais uma vez no significado da implicação: só podemos ter uma implicação válida caso, tendo as premissas verdadeiras, a conclusão não possa ser falsa. Ora, se temos aba \to b e aa na prova, teremos necessariamente que aa é verdadeiro, e seguindo este fio lógico, bb também terá de o ser.

    ELIMINAÇÃO DA IMPLICAÇÃO

    A eliminação da implicação tem um aspeto deste género:

    nαmαβkβE,(n,m)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\\ \vdots & \vdots\\ m & \alpha\to\beta\\ \vdots & \vdots\\ k & \beta && E\to, (n, m) \end{array}
    Exemplo - Eliminação da implicação

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1PQPrem2PPrem3PQRep,14QE,(2,3)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & P \to Q && Prem\\ 2 & P && Prem\\ 3 & P \to Q && Rep, 1\\ 4 & Q && E\to, (2,3) \end{array}
  • Regras para a negação:

    • Introdução da negação: Utiliza o conceito de prova por absurdo - se a partir de uma dada hipótese podemos derivar uma contradição, então rejeitamos essa mesma hipótese, aceitando a sua negação, visto que caso contrário chegaríamos a uma conclusão absurda. Abreviada por I¬,(n,(m,k))I\neg, (n, (m, k)), onde nn, mm e kk representam, respetivamente, a linha da introdução da hipótese, e as linhas correspondentes à contradição.

    INTRODUÇÃO DA NEGAÇÃO

    A introdução da negação tem sempre um aspeto deste género:

    nαHipmβk¬βl¬αI¬,(n,(m,k))\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \bigg\vert\underline{\enspace \alpha \enspace} && Hip\\ \vdots & \bigg\vert\enspace\vdots\\ m & \bigg\vert\enspace\beta\\ \vdots & \bigg\vert\enspace\vdots\\ k & \bigg\vert\enspace\neg\beta\\ l & \neg\alpha && I\neg, (n, (m, k)) \end{array}
    Exemplo - Introdução da Negação

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1PQPrem2¬QPrem3PHip4PQRei,15QE,(3,4)6¬QRei,27¬PI¬,(3,(5,6))\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & P \to Q && Prem\\ 2 & \neg Q && Prem\\ 3 & \bigg\vert\underline{\enspace P \enspace} && Hip\\ 4 & \bigg\vert\enspace P \to Q && Rei, 1\\ 5 & \bigg\vert\enspace Q && E\to, (3,4)\\ 6 & \bigg\vert\enspace \neg Q && Rei, 2\\ 7 & \neg P && I\neg, (3, (5, 6)) \end{array}
    • Eliminação da negação: Afirma que negar uma proposição duas vezes é o mesmo que a afirmar. Abreviada por E¬,nE\neg, n, onde nn é a linha onde apareceu a fbf duplamente negada.

    ELIMINAÇÃO DA NEGAÇÃO

    A eliminação da negação tem sempre um aspeto deste género:

    n¬¬αmαE¬,n\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \neg\neg\alpha\\ \vdots & \vdots\\ m & \alpha && E\neg, n \end{array}
    Exemplo - Eliminação da Negação

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1P¬PHip2¬QHip3P¬PRei,14PE,35¬PE,36¬¬QI¬,(2,(4,5))7QE¬,68(P¬P)QI,(1,7)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & \bigg\vert\underline{\enspace P \wedge \neg P \enspace} && Hip\\ 2 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\underline{\enspace \neg Q \enspace} && Hip\\ 3 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace P \wedge \neg P && Rei, 1\\ 4 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace P && E\wedge, 3\\ 5 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace \neg P && E\wedge, 3\\ 6 & \bigg\vert\enspace \neg\neg Q && I\neg, (2, (4, 5))\\ 7 & \bigg\vert\enspace Q && E\neg, 6\\ 8 & (P \wedge \neg P) \to Q && I\to, (1,7) \end{array}
  • Regras para a disjunção:

    • Introdução da disjunção: Tem em conta o significado intuitivo de uma disjunção - esta apenas requer que um dos elementos se verifique para ser verdadeira. Assim sendo, partindo de uma fbf α\alpha, podemos derivar tanto αβ\alpha\vee\beta como βα\beta\vee\alpha, sendo β\beta qualquer fbf. Abreviada por I,nI\vee, n, com nn sendo a linha onde a fbf α\alpha foi introduzida.

    INTRODUÇÃO DA DISJUNÇÃO

    A introdução da disjunção tem sempre um aspeto deste género:

    nαmαβI,n\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\\ \vdots & \vdots\\ m & \alpha\vee\beta && I\vee, n \end{array}

    ou

    nαmβαI,n\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\\ \vdots & \vdots\\ m & \beta\vee\alpha && I\vee, n \end{array}
    Exemplo - Introdução da Disjunção

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1¬(P¬P)Hip2PHip3P¬PI,24¬(P¬P)Rei,15¬PI¬,(2,(3,4))6P¬PI,57¬(P¬P)Rep,18¬¬(P¬P)I¬,(1,(6,7))9P¬PE¬,8\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & \bigg\vert\underline{\enspace \neg (P \vee \neg P) \enspace} && Hip\\ 2 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\underline{\enspace P \enspace} && Hip\\ 3 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace P \vee \neg P && I\vee, 2\\ 4 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace \neg (P \vee \neg P) && Rei, 1\\ 5 & \bigg\vert\enspace \neg P && I\neg, (2, (3, 4))\\ 6 & \bigg\vert\enspace P \vee \neg P && I\vee, 5\\ 7 & \bigg\vert\enspace \neg (P \vee \neg P) && Rep, 1\\ 8 & \neg\neg (P \vee \neg P) && I\neg, (1, (6, 7))\\ 9 & P \vee \neg P && E\neg, 8 \end{array}
    • Eliminação da disjunção: "A regra mais complicada", segundo o prof. Pavão. A partir dela, podemos retirar que, tendo por base uma fbf do tipo αβ\alpha\vee\beta, caso sejamos capazes de derivar uma terceira fbf γ\gamma a partir de provas hipotéticas iniciadas por tanto α\alpha como por β\beta, então certamente que γ\gamma se verifica - voltando à tal intuição associada à disjunção, pelo menos um elemento é verdadeiro, se podemos derivar uma fbf tanto de um como de outro, então ela verifica-se obrigatoriamente. Abreviada por E,(n,(o,p),(r,s))E\vee, (n, (o, p), (r, s)), onde nn representa a fbf disjunta inicial, oo e rr o início de cada hipótese e pp e ss a derivação da fbf pretendida, dentro da respetiva hipótese.

    ELIMINAÇÃO DA DISJUNÇÃO

    A Eliminação da disjunção tem sempre um aspeto deste género:

    nαβoαHippγrβHipsγmγE,(n,(o,p),(r,s))\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\vee\beta\\ o & \bigg\vert\underline{\enspace \alpha \enspace} && Hip\\ \vdots & \bigg\vert\enspace\vdots\\ p & \bigg\vert\enspace\gamma\\ \\ r & \bigg\vert\underline{\enspace \beta \enspace} && Hip\\ \vdots & \bigg\vert\enspace\vdots\\ s & \bigg\vert\enspace\gamma\\ \vdots & \vdots\\ m & \gamma && E\vee, (n, (o, p), (r, s)) \end{array}
    Exemplo - Eliminação da Disjunção

    Em relação a um exemplo mais concreto:

    1(PQ)¬PHip2PQE,13¬PE,14PHip5¬QHip6PRei,47¬PRei,38¬¬QI¬,(5,(6,7))9QE¬,810QHip11QRep,1012QE,(2,(4,9),(10,11))13((PQ)¬P)QI,(1,12)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & \bigg\vert\underline{\enspace (P \vee Q) \wedge \neg P \enspace} && Hip\\ 2 & \bigg\vert\enspace P \vee Q && E\wedge, 1\\ 3 & \bigg\vert\enspace \neg P && E\wedge, 1\\ 4 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\underline{\enspace P \enspace} && Hip\\ 5 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace\bigg\vert\underline{\enspace \neg Q \enspace} && Hip\\ 6 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace P && Rei, 4\\ 7 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace \neg P && Rei, 3\\ 8 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace \neg\neg Q && I\neg, (5, (6, 7))\\ 9 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace Q && E\neg, 8 \\ & \bigg\vert \\ 10 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\underline{\enspace Q \enspace} && Hip\\ 11 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace Q && Rep, 10\\ 12 & \bigg\vert\enspace Q && E\vee, (2, (4, 9), (10, 11))\\ 13 & ((P \vee Q) \wedge \neg P) \to Q && I\to, (1, 12) \end{array}
  • Regras para a equivalência:

    warning

    Não tem sido abordado em aula nos últimos anos, não sei se é relevante/se pode sair em avaliação, fica por uma questão de completude dos resumos.

    • Introdução da equivalência: Desta regra podemos retirar que, caso tenhamos duas fbfs distintas tais que αβ\alpha\to\beta e βα\beta\to\alpha, então podemos derivar que α\alpha e β\beta são equivalentes. Abreviada por I,(n,m)I\leftrightarrow, (n, m), com nn e mm sendo as linhas onde as fbfs necessárias foram introduzidas.

    • Eliminação da equivalência: Dada uma fbf αβ\alpha\leftrightarrow\beta, podemos derivar tanto αβ\alpha\to\beta como βα\beta\to\alpha. Abreviada por E,nE\leftrightarrow, n, onde nn é a linha onde a fbf a utilizar o símbolo da equivalência foi introduzida.

    INTRODUÇÃO/ELIMINAÇÃO DA EQUIVALÊNCIA

    A introdução da equivalência tem sempre um aspeto deste género:

    nαβmβαkαβI,(n,m)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\to\beta\\ \vdots & \vdots\\ m & \beta\to\alpha\\ \vdots & \vdots\\ k & \alpha\leftrightarrow\beta && I\leftrightarrow, (n, m) \end{array}

    A eliminação da equivalência tem sempre um aspeto deste género:

    nαβmαβ\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\leftrightarrow\beta\\ \vdots & \vdots\\ m & \alpha\to\beta \end{array}

    ou

    nαβmβα\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} n & \alpha\leftrightarrow\beta\\ \vdots & \vdots\\ m & \beta\to\alpha \end{array}

Ora, estudámos agora as regras de inferência, e o modo como podemos provar (a partir de um conjunto de premissas) uma dada fbf. Mas e se não houver premissas? Nem todas as provas têm de se iniciar com um conjunto de premissas: as fbfs que se podem provar sem estes "pré-requisitos" dizem-se teoremas.

  • Teorema - fbf que pode ser obtida a partir de uma prova que não contém qualquer premissa, pode ser obtida "do nada". Seja α\alpha um teorema, podemos escrever α\varnothing\vdash\alpha ou, até, de um modo mais simples, α\vdash\alpha
Exemplo - Teorema

A seguinte prova mostra que P \to (Q \to P) é um teorema, visto que pode ser obtido sem premissas:

1PHip2QHip3PRei,14QPI,(2,3)5P(QP)I,(1,4)\def\arraystretch{1.5} \begin{array}{lll} 1 & \bigg\vert\underline{\enspace P \enspace} && Hip\\ 2 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\underline{\enspace Q \enspace} && Hip\\ 3 & \bigg\vert\enspace\bigg\vert\enspace P && Rei, 1\\ 4 & \bigg\vert\enspace Q \to P && I\to, (2,3)\\ 5 & P \to (Q \to P) && I\to, (1, 4) \end{array}

Como construir provas?

  • Ao tentar provar uma fbf da forma αβ\alpha\to\beta, a alternativa mais comum é iniciar uma prova hipotética com a introdução da hipótese α\alpha e dentro dessa prova tentar provar β\beta;
  • Ao tentar provar uma fbf da forma αβ\alpha\vee\beta, devemos tentar provar uma das fbfs, α\alpha ou β\beta;
  • Ao tentar provar uma fbf da forma αβ\alpha\wedge\beta, devemos tentar provar separadamente tanto α\alpha como β\beta;

Caso não resulte, podemos procurar aplicações de regras de inferência que levem à introdução da fbf em questão, procurar uma contradição de uma prova hipotética por absurdo que nos leve à fbf, ou até mesmo tentar o raciocínio por casos, caso se trate de disjunções.